Data: 23/08/2025 — Hora: 16h13
Local: Cemitério da Baixa de Quintas, Salvador–BA
Atendimento: CBMBA – 3º BBM (Salvador), viatura ABSG-0312, em apoio ao SAMU 192
Uma mulher que acompanhava um velório caiu dentro de uma cova no Cemitério da Baixa de Quintas na tarde deste sábado (23). A laje de concreto cedeu quando ela subiu sobre a estrutura, deixando-a aprisionada no espaço estreito. O SAMU realizou o primeiro atendimento e, na sequência, o Corpo de Bombeiros montou um sistema de resgate vertical para retirar a vítima com segurança.
Ficha da ocorrência
Natureza: Queda em cova/túmulo com vítima presa em espaço restrito
Cenário: Abertura retangular, paredes lisas e pouca área para apoio, risco de colapso de borda
Quadro da vítima: suspeita de fratura em membro inferior (já enfaixado pelo SAMU); paciente adulta com massa corporal elevada (≈ >100 kg) — informação relevante para o dimensionamento do resgate
Recursos dos bombeiros: tripé de resgate, sistema de vantagem mecânica 5:1, bloqueadores e polias, triângulo de salvamento, EPIs completos
Tática: descida de dois bombeiros para contenção e preparação, seguida de içamento controlado até a superfície
Como aconteceu
Segundo informações colhidas no local, a vítima acompanhava um velório quando decidiu subir sobre a tampa de uma cova de concreto. A estrutura cedeu, provocando a queda para o interior do jazigo. O espaço confinado formado apresenta paredes altas e lisas, o que impede a escalada sem equipamentos e aumenta o risco de novas lesões em tentativas de auto-resgate.
O SAMU 192 foi o primeiro a atuar, realizando avaliação primária e enfaixamento do membro lesionado, estabilizando a paciente para a operação técnica dos bombeiros.
A operação de resgate
Para garantir ponto de ancoragem elevado e estável, os bombeiros montaram um tripé diretamente sobre a abertura da cova. Na cabeceira do tripé, foi instalado um sistema de polias 5:1, que multiplica a força aplicada e permite içamento suave, com controle fino de subida e paradas seguras.
Dois militares desceram até a vítima para assistência direta: controle emocional, proteção de cabeça (capacete colocado no local), checagem do membro imobilizado e fixação no triângulo de salvamento — arnês específico que distribui o peso e mantém a vítima sentada e estável durante a elevação. Com tudo conferido, a equipe procedeu ao içamento, acompanhando a passagem pela borda para evitar impacto no membro lesionado.
A paciente permaneceu aos cuidados do SAMU para reavaliação após a retirada e condução conforme protocolo médico.
Por que usar tripé e sistema 5:1?
Tripé: cria um “pórtico” temporário sobre aberturas, com pés ajustáveis e cabeçote para roldanas. Mantém a corda fora do contato com a aresta da laje, reduzindo atrito e risco de corte.
Vantagem mecânica 5:1: para cada 1 metro puxado, a carga sobe 20 cm, mas a força necessária cai para cerca de 1/5 do peso efetivo (descontadas perdas por atrito), o que torna o içamento controlado e seguro, especialmente em vítimas com maior massa corporal.
Triângulo de salvamento: indicado para espaços estreitos quando a maca não passa; mantém o eixo corporal alinhado e facilita o manejo na borda.
Boas práticas observadas no local
Integração SAMU + Bombeiros: atendimento médico inicial e estabilização antes da movimentação.
Proteção individual e da vítima: capacetes, luvas, ancoragens redundantes e checagens cruzadas.
Gestão de borda: uso do tripé para afastar cordas e distribuir cargas na laje.
Comunicação clara: comandos padronizados de içamento e parada, com um responsável pelo “pronto para subir”.
Dicas de segurança em cemitérios e áreas similares
Evite subir em tampas ou lajes de covas — muitas apresentam desgaste, infiltrações ou fissuras invisíveis.
Respeite áreas demarcadas e apoie-se em passagens seguras; não transite sobre estruturas antigas ou ociosas.
Com crianças e idosos, redobre a atenção: dê o braço, caminhe por vias centrais e mantenha distância de bordas e aberturas.
Percebeu rachaduras, tampa oca ou afundamento? Alerta a administração do cemitério e isole o ponto com fita ou objeto visível.
Em caso de queda ou aprisionamento, não tente puxar a pessoa “no braço”. Chame 193 (Bombeiros) e 192 (SAMU), mantenha a vítima calma e não a movimente sem avaliação.
À noite ou com chuva, evite áreas escorregadias e uso de lanternas fracas; iluminação adequada previne tropeços e pisões em tampas irregulares.
