Saber aplicar primeiros socorros pode ser a diferença entre a vida e a morte em uma emergência. Em situações críticas como um acidente vascular cerebral (AVC), parada cardiorrespiratória (PCR), engasgo (OVACE), queimaduras ou convulsões, cada segundo conta — e a forma como você reage pode salvar uma vida antes mesmo da chegada do socorro especializado.
No Brasil, muitas pessoas ainda não sabem como agir corretamente em casos de emergência, o que pode agravar o quadro clínico da vítima. Ter noções básicas de primeiros socorros é uma habilidade indispensável para qualquer cidadão, seja em casa, no trânsito, no trabalho ou em locais públicos. A boa notícia é que você não precisa ser profissional da saúde para fazer a diferença — basta ter conhecimento, calma e atitude.
Neste artigo, você vai conhecer 5 dicas de primeiros socorros essenciais, com orientações diretas e técnicas para agir com segurança nos casos mais comuns atendidos por bombeiros e equipes de emergência. Prepare-se para aprender o que realmente importa quando a vida está em risco — e torne-se uma ponte entre o acidente e o atendimento profissional.
1. Como Agir em Casos de Parada Cardiorrespiratória (PCR)

A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma das emergências mais graves que uma pessoa pode enfrentar. Ela ocorre quando o coração para de bater de forma eficaz, interrompendo o fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro e outros órgãos vitais. Sem intervenção imediata, a morte cerebral pode ocorrer em 4 a 6 minutos. Por isso, saber aplicar os primeiros socorros corretamente é crucial.
Como identificar uma PCR?
Os principais sinais de uma parada cardiorrespiratória são:
A vítima desmaia subitamente;
Está inconsciente e não responde a estímulos;
Não apresenta respiração normal (ou está com gasping, aquela respiração ofegante e irregular);
Ausência de pulso perceptível.
Se você se deparar com uma vítima nessas condições, atue imediatamente.
Passo a passo dos primeiros socorros para PCR
Verifique a segurança da cena. Certifique-se de que você e a vítima não estão em perigo.
Confirme a inconsciência. Chame a vítima em voz alta e dê estímulos leves.
Peça ajuda e acione o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros (193).
Inicie as compressões torácicas imediatamente.
Posicione as mãos no centro do tórax (linha dos mamilos), com os braços estendidos.
Comprima o tórax com força e ritmo (100 a 120 compressões por minuto).
Permita o retorno completo do tórax entre as compressões.
Se souber aplicar ventilação (respiração boca a boca), siga a relação de 30:2 (30 compressões para 2 ventilações).
Utilize um DEA (Desfibrilador Externo Automático), se estiver disponível, seguindo as instruções do aparelho.
Importante
Mesmo sem treinamento formal, somente as compressões torácicas já aumentam significativamente as chances de sobrevivência. A técnica é simples, mas exige ritmo e firmeza. Em locais públicos, procure sempre por um DEA, cada vez mais comum em aeroportos, shoppings e academias.
A PCR não espera. A ação rápida salva vidas. Tenha esse conhecimento na ponta dos dedos — porque um dia, alguém pode precisar de você.
2. O Que Fazer em Caso de Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como “derrame cerebral”, é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil. Trata-se de uma emergência neurológica grave, causada por uma interrupção no fluxo de sangue para o cérebro, seja por obstrução (AVC isquêmico) ou por rompimento de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico). Em ambos os casos, o tempo de resposta é vital: quanto mais cedo for iniciado o atendimento, maiores são as chances de recuperação sem sequelas.
Reconhecendo os sinais do AVC
Identificar os sintomas precocemente é o primeiro passo para salvar uma vida. Os sinais mais comuns incluem:
Fraqueza ou paralisia em um dos lados do corpo (braço, perna ou rosto);
Dificuldade para falar ou compreender a fala;
Boca torta;
Visão turva ou perda da visão súbita;
Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente;
Perda de equilíbrio ou coordenação.
Um método simples e eficaz para reconhecer um AVC é a sigla SAMU:
Sorria: peça para a pessoa sorrir. A boca torta é um sinal de alerta.
Abra os braços: se um dos braços cair, pode indicar fraqueza muscular.
Mensagem: peça para repetir uma frase. Dificuldade de fala é um dos principais indícios.
Urgência: se houver qualquer um desses sinais, ligue imediatamente para o SAMU (192).
Primeiros socorros para AVC: o que fazer (e o que não fazer)
O que fazer:
Mantenha a calma e acione o socorro com urgência.
Deite a pessoa de lado, se ela estiver inconsciente, para evitar aspiração em caso de vômito.
Afrouxe roupas apertadas e mantenha a vítima em local ventilado.
Se a vítima estiver acordada, tranquilize-a e mantenha-a imóvel até a chegada do resgate.
O que não fazer:
Não dê medicamentos (como AAS ou anticoagulantes) sem orientação médica — pode piorar se for AVC hemorrágico.
Não ofereça água ou alimentos. O AVC pode afetar a deglutição, causando engasgo.
Não tente transportar a vítima em veículo próprio. O socorro especializado é essencial.
Reconhecer e agir rapidamente em caso de AVC pode evitar sequelas graves e até mesmo salvar a vida da vítima. A educação em primeiros socorros é uma ferramenta poderosa na resposta às emergências mais comuns.
3. Como Agir em Casos de Engasgo (OVACE)

O engasgo é uma das emergências mais frequentes e perigosas, principalmente em crianças e idosos. Conhecido tecnicamente como OVACE (Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho), ele ocorre quando um objeto, alimento ou líquido impede parcial ou totalmente a passagem de ar pelas vias respiratórias. Quando isso acontece, o oxigênio deixa de chegar aos pulmões e ao cérebro — e a vítima pode entrar em parada respiratória em poucos minutos.
Como identificar um engasgo grave?
Há dois tipos de obstrução:
Parcial: a vítima ainda consegue tossir, falar ou respirar com dificuldade.
Total: a vítima não consegue respirar, não emite som, pode colocar as mãos no pescoço em sinal de desespero, e rapidamente apresenta lábios arroxeados e perda de consciência.
Em casos de obstrução total, o tempo é curto e a intervenção imediata é essencial.
Primeiros socorros para engasgo (Manobra de Heimlich)
Se a vítima estiver consciente, siga este passo a passo:
Fique atrás da vítima.
Posicione uma das mãos fechada com o punho sobre o abdômen, acima do umbigo e abaixo do esterno.
Com a outra mão, segure o punho e aplique compressões rápidas e para cima, como se estivesse tentando levantar a pessoa com os braços.
Repita o movimento de 5 a 10 vezes ou até o objeto ser expelido.
Essa técnica é chamada de Manobra de Heimlich, e pode salvar vidas em segundos.
Se a vítima estiver inconsciente:
Deite-a no chão com cuidado.
Inicie compressões torácicas (como na RCP) para tentar desalojar o objeto.
Após cada série de 30 compressões, abra a boca da vítima e verifique se há corpo estranho visível. Se houver, remova com o dedo em gancho com cuidado.
Continue até a chegada do socorro.
Em bebês:
Posicione o bebê de bruços em seu antebraço, com a cabeça mais baixa.
Dê 5 tapas firmes entre as escápulas.
Vire o bebê de frente e aplique 5 compressões torácicas com dois dedos, no centro do tórax.
Repita até expelir o objeto ou até a chegada do atendimento.
Saber lidar com um engasgo é um dos primeiros socorros mais importantes para quem convive com crianças, idosos ou qualquer pessoa. A ação rápida evita mortes silenciosas — e o conhecimento é sua melhor ferramenta.
4. Como Agir em Casos de Queimaduras

As queimaduras estão entre os acidentes domésticos mais comuns no Brasil, especialmente envolvendo crianças, idosos e trabalhadores expostos a riscos térmicos, químicos ou elétricos. Saber aplicar os primeiros socorros em casos de queimadura pode evitar o agravamento das lesões, reduzir a dor e prevenir infecções.
Classificação das queimaduras
Antes de qualquer intervenção, é importante entender o grau da queimadura, pois isso define a gravidade e a conduta:
1º grau: Atinge apenas a camada superficial da pele (epiderme). Há vermelhidão, dor e inchaço. Ex: queimadura solar.
2º grau: Afeta epiderme e parte da derme. Forma bolhas, dor intensa e vermelhidão.
3º grau: Atinge todas as camadas da pele, podendo expor músculos e ossos. A pele fica branca, escurecida ou carbonizada. Pode não haver dor devido à destruição das terminações nervosas.
Primeiros socorros para queimaduras térmicas
O que fazer:
Afaste a vítima da fonte de calor.
Lave o local com água corrente fria (não gelada) por 10 a 20 minutos. Isso reduz a temperatura da pele e interrompe o processo de lesão.
Cubra a área queimada com um pano limpo, úmido e sem fiapos, como gaze ou tecido de algodão.
Retire acessórios (anéis, pulseiras, cintos) da região afetada antes que ocorra inchaço.
Encaminhe a vítima ao atendimento médico, especialmente se a área queimada for extensa, envolver face, mãos, pés, genitais ou atingir mais de 10% do corpo.
O que NÃO fazer:
Nunca aplique pasta de dente, manteiga, óleo, borra de café ou qualquer produto caseiro.
Não estoure bolhas.
Não tente remover roupas grudadas na pele queimada.
Não use gelo diretamente sobre a lesão.
Queimaduras químicas e elétricas
Em caso de queimaduras químicas, lave o local com água abundante por pelo menos 20 minutos, evitando contato com o produto.
Nas queimaduras elétricas, desligue a fonte elétrica antes de tocar na vítima. Mesmo que a lesão pareça pequena, o dano interno pode ser grave — é fundamental encaminhar para avaliação hospitalar.
Dominar os primeiros socorros em queimaduras é essencial para minimizar danos e salvar tecidos. A rapidez e o conhecimento fazem toda a diferença.
5. O Que Fazer em Caso de Convulsão (Crise Epiléptica)

As convulsões — também chamadas de crises epilépticas — são episódios de descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro, que provocam perda de consciência, movimentos involuntários e, muitas vezes, queda repentina da vítima. Essa é uma das situações que mais causa desespero em quem presencia, mas é fundamental manter a calma e saber como agir com os primeiros socorros corretos.
Nem toda crise convulsiva é grave, mas algumas podem indicar condições sérias, como epilepsia, febre alta, trauma craniano, AVC ou infecções neurológicas. A crise geralmente dura de 30 segundos a 2 minutos, mas é o que você faz durante esse tempo que pode evitar traumas, sufocamento e até complicações graves.
Como reconhecer uma convulsão?
Os sinais mais comuns são:
Queda repentina;
Movimentos involuntários dos braços e pernas (contrações musculares generalizadas);
Olhar fixo ou virado;
Salivação intensa, às vezes com espuma na boca;
Respiração irregular;
Inconsciência.
Primeiros socorros em casos de convulsão
O que fazer:
Mantenha a calma e observe o tempo da crise.
Afaste objetos perigosos ao redor da vítima (móveis, vidros, utensílios).
Apoie a cabeça da pessoa com algo macio, como uma blusa dobrada.
Afrouxe roupas apertadas no pescoço e cintura.
Deixe a pessoa de lado, após a crise, para evitar aspiração de saliva ou vômito.
Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência completamente.
Se a crise durar mais de 5 minutos, ligue imediatamente para o SAMU (192).
O que NÃO fazer:
Não tente segurar a vítima ou impedir os movimentos.
Não introduza objetos na boca. Isso pode causar fraturas nos dentes ou asfixia.
Não ofereça água ou medicamentos durante a crise.
Após a crise, a pessoa pode ficar desorientada, sonolenta ou com dor de cabeça — isso é comum e chamado de período pós-ictal. O ideal é acompanhar com cuidado e buscar orientação médica.
Saber como agir diante de uma convulsão é um dos primeiros socorros mais importantes que qualquer cidadão pode aprender. Em emergências neurológicas, o conhecimento salva, protege e acolhe.
Saber aplicar primeiros socorros é mais do que uma habilidade técnica — é um ato de responsabilidade, empatia e cidadania. Situações como parada cardíaca, AVC, engasgo, queimaduras e convulsões podem acontecer a qualquer momento, com qualquer pessoa, e a sua ação rápida pode ser o elo entre o acidente e a sobrevivência com qualidade.
Você não precisa ser um profissional da saúde para salvar uma vida. Basta ter o conhecimento certo, manter a calma e agir com segurança.
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